Um garoto chamado Rorbeto
Que Gabriel, O pensador é um letrista de “Mão cheia” todos nós já sabemos, mas o que muitos não sabem é que ele é um escritor melhor ainda.
No ano passado ao preparar as aulas de leitura para meus alunos encontrei algumas caixas de livros que havia na escola, comecei então fazer uma pequena análise sobre cada um deles, para saber a que tipo de aluno poderia interessar e dessa forma pudesses dar sugestões conscientes de leitura a meus alunos. Foi quando me deparei com um livro do rapper “Um garoto chamado Rorbeto”. Fiquei encantada com o livro e com possibilidades de trabalho que poderia desenvolver com ele.
Enquanto lia, constatei que estava diante de uma obra de arte, e conforme ia dando sequência a leitura, mais me surpreendia e me deliciava com a qualidade do texto, das ilustrações que parecem colagem, outras se assemelham ao grafite. E as cores? Estas são quentes, alegres, vivas. A ilustração do livro acompanha o desenrolar da trama ajudando a contá-la de forma clara e criativa.
Gabriel utiliza uma linguagem coloquial leve, descontraída e comum ao mundo infantil. O vocabulário é de fácil compreensão formando frases curtas e seu ritmo nos remete as batidas do rap, compondo assim, um texto inteligente, envolvente e inovador.
O autor traz a intertextualidade para o texto através da personificação da cadela Filé, assim como ocorre com Baleia, na obra de Graciliano Ramos.
“Um Garoto Chamado Rorbeto”, conta através de uma narrativa em versos, em terceira pessoa, a história de um menino, chamado Rorbeto, que descobre que tem seis dedos em uma das mãos e fica constrangido com a diferença que apresenta, além disso, ao nascer tem seu nome escrito de forma errada, pois, seu pai analfabeto não soube soletrar o nome que lhe daria. Essa abordagem coloca o aluno diante do drama do analfabetismo e mostra a importância da leitura e da escrita para a formação de um cidadão pleno. Somando-se a tudo isso, o livro aborda as situações de diferenças, no que se referem às questões físicas e sociais, tais como: a discriminação pelo analfabetismo do pai e pertencer a uma família de baixa renda, do preconceito do próprio Roberto que ao descobrir que tem seis dedos, passa a esconder a mão em uma sacola, entre outras situações que nos possibilitam trabalhar e discutir com os alunos o preconceito dentro do espaço escolar.
A narrativa em um tom de humor inicia como um conto de fadas: “Uma era vez... Ou melhor... Vez era uma... Desculpem: Era uma vez... (Agora sim!)” e apesar de fazer uma denúncia social, como é comum ao rap, apresenta um final feliz como nos contos de fada e como os tais, faz as lágrimas caírem sobre a última página, quando Rorbeto ensina o pai a ler e esse lhe pede desculpas pelo constrangimento causado pelo nome. "Eu errei! O seu nome seria ROBERTO”...Mas o filho falou:"Não errou, não Senhor! O amor faz tudo certo!"
Enfim, um livro que nos oferece grandes possibilidades de diferentes abordagens. Quando me dei conta disso, fiquei entusiasmada para ver qual seria o efeito do referido livro sobre os alunos e diante do meu entusiasmo ao falar sobre livro, meus alunos ficaram muito curiosos. Havia fila de espera para ler o livro.
Para um grupo mais resistente, desses que querem mesmo é bagunçar, mostrei a possibilidade de cantar como um rap. Falei sobre o ritmo, pedi que marcassem o tempo musical com a boca e cantei para que eles ouvissem e disse-lhes: “Não estou cantando no ritmo certo, desse ritmo são vocês que entendem. Mostrem-me como se canta.” E para me mostrar que sabiam, cantaram a história toda e não mais queriam parar. Levei então o grupo para cantar a história para as outras turmas que já haviam lido o livro. Foi muito gratificante ver que isso fez com que os referidos alunos se sentissem valorizados e principalmente ver o efeito que a leitura desse livro surtiu neles.
A literatura infantil necessita de livros como “Um garoto chamado Rorbeto”, que se aproximem da realidade do leitor para que haja uma identificação e que o envolva. Não importa se o livro é um cânone ou não, o que importa, é que esse torne o aluno mais humanizado, critico reflexivo, que sinta prazer na leitura e que a faça de forma autônoma. Para mim, o Livro do rapper é uma obra de arte que indico a todos os professores a fim de que leiam, se emocionem e usem a criatividade para despertar, através dele, o prazer da leitura no aluno.
“Assim como o rio, o curso da vida corria” é o que diz o narrador do texto ao comparar o passar do tempo com o passar do rio e utilizo essa fala para dizer que como o rio que corre em direção ao mar, o professor tem que correr em busca do aprimoramento de sua prática pedagógica ,evoluir, aceitar e acompanhar o curso das mudanças que aconteceram e continuam a acontecer no mundo globalizado para não ser tragados por ele.
ISBN: 8575033832
ISBN-13: 9788575033838
Idioma: Livro em português
Encadernação: Brochura
Dimensão: 25,2 x 17,5 cm
Edição: 1ª
Ano de Lançamento: 2005
Número de páginas: 40
Faixa etária: de 6 até 10 anos. (apesar da indicação da faixa etária, trabalhei até com a 7série e foi um sucesso)
GAROTO CHAMADO RORBETO, UM
Formato: Livro
Autor: GABRIEL O PENSADOR
Editora: COSAC NAIFY
Assunto: INFANTO-JUVENIL - POESIA
4º/5º/6º/7ºano
Professor
Referência bibliográfica:
O PENSADOR, Gabriel. Um garoto chamado Rorbeto. São Paulo: Cosacnaify, 2005.
WWW. vagalume.uol.com.br/gabriel-pensador> Acessado em: 01 dez. 2011
Maria de Fátima Melo Pereira de Azevedo
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