Estudo da Gramática
Sujeito.
I. Introdução ao estudo de Gramática.
II. Sintaxe e termos da oração.
III. Estudo do Sujeito.
IV. Recomendações finais
V. Exercícios.
I. Introdução ao estudo da Gramática.
Vício na fala
Pra dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados.
Oswald de Andrade
Ao escrever, faz-se necessário elaborar as estruturas frásicas, estar atento à correta grafia das palavras, usar a pontuação adequadamente para que o leitor possa compreender a mensagem, assim afirma a gramática normativa. Porém, grandes autores escreveram (e escrevem) textos reconhecidos pela qualidade e criatividade, sem as normas gramaticais sejam rigorosamente observadas – como se lê nesse poema de Oswald de Andrade. Você conhece Monteiro Lobato? Ele não concordava com as regras de acentuação gráfica – o que não significa que ele não as soubesse ou deixasse sempre de segui-las.
Você deve pensar em conhecer a gramática como quem pensa em conhecer um instrumento, uma ferramenta: isoladamente a ferramenta, o instrumento, não tem utilidade. Só quando é criada uma situação em que se precise utilizá-los é que terão reconhecido seu valor, entende?
Enfim, estudar a gramática é ampliar as possibilidades de expressão na escrita, conhecer a ferramenta para usá-la da forma adequada às nossas necessidades. Segundo a etimologia, gramática é uma palavra de origem grega grammatiké, que significa “a arte de escrever ou ler”.
Talvez, no estudo da gramática normativa nas escolas, o prazer de escrever ou ler tenha sido abandonado: estudar gramática passou a ser “decorar” regras e mais regras, às vezes (muitas vezes) sem que se entenda o porquê delas. Claro que o objetivo dessas aulas virtuais será fazer você conhecer, aprender e utilizar a Gramática nos exames vestibulares; mas, vamos tentar fazer de maneira mais prazerosa, mais simples.
II. Sintaxe e os termos da oração.
Comece relembrando quantas são as partes da Gramática:
Fonologia, Morfologia e Sintaxe. Pouco a pouco, cada uma dessas partes irá se revelar em nossos estudos.
A primeira parte será a Sintaxe; nela encontraremos estudos sobre as relações que as palavras possuem dentro da oração, ou entre orações. Além de outros elementos importantes na estrutura de nossa língua: Regência, Colocação Pronominal e Concordância.
Nessa aula, vamos estudar as funções que as palavras exercem dentro de uma oração. Você lembra o que é oração?
Oração é o enunciado, com significado, que contém um verbo ou uma locução verbal.
As partes que formam as orações são chamadas dentro da Sintaxe de termos. Observe que não é apenas a palavra que importa nesse estudo, mas a relação entre uma e outra palavra;
exemplificando:
Ex: Eu ganhei uma blusa.
(blusa = substantivo = objeto dessa oração)
A blusa era nova.
(blusa = substantivo = sujeito dessa oração)
O número de palavras que uma oração contém não
expressa, necessariamente, o número de termos.
O pequeno João comprou os livros solicitados.
3 palavras = sujeito 4 palavras=predicado
Claro que quanto mais se dividir os termos da oração, achando seus núcleos, mais se reduzirá o número de palavras a um representar outro termo. Ainda utilizando o exemplo acima:O pequeno João comprou os livros solicitados.
3 palavras = sujeito simples 4 palavras=predicado verbal
João= núcleo do suj. comprou= núcleo do pred.
o=adjunto adnominal os livros solicitados= objeto direto
pequeno=adj.adnominal livros= núcleo do OD
os= adjunto adnominal
solicitados= adjunto adnominal
Confuso? É muita coisa para você guardar? Claro que não...
Nós fomos separando os termos, analisando o núcleo de cada um deles e determinando a função daqueles que “iam sobrando”, até chegarmos a última palavra da oração, ao último termo. Vamos estudar a função que cada uma das palavras pode exercer, a partir de três grupos de termos:
a. Termos essenciais: Sujeito e Predicado.
b. Termos integrantes: Complementos Verbais,
Complemento Nominal, Agente da passiva.
c. Termos acessórios: Adjuntos e Aposto.
III. Estudo do Sujeito.
Sujeito: termo sobre o qual se declara algo. Observe que é
considerado essencial na oração; normalmente, o verbo concorda
com o sujeito, então, tente primeiro identificar o verbo – é uma
boa dica para você não errar na classificação.
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1. Simples: apresenta um único núcleo.
“Jorge tirava as luvas, calado.”
2. Composto: apresenta dois ou mais núcleos.
“Àquela hora D. Felicidade e Luísa chegavam ao Passeio.”
3. Oculto, elíptico ou desinencial (não consta na NGB – Nomenclatura Gramatical Brasileira): ocorre quando a terminação verbal indica o pronome pessoal; ou, interpreta-se o sujeito através do contexto.
“Pelas três da tarde, Juliana entrou na cozinha e atirou-se para uma cadeira, derreada.”
Sabemos, pelo contexto, que foi “Juliana” quem se atirou na cadeira, certo? “Juliana” será sujeito simples para o verbo entrar. E o sujeito do verbo atira-se? Subentende-se; por isso é chamado elíptico.
O sujeito simples, o composto e o oculto, na Gramática, são chamados determinados.
4. Por vezes, o sujeito da oração não é determinado: ou porque o emissor não quer identificá-lo ou porque não se sabe, precisamente, quem é ele; informa-se a ação feita por este sujeito.
Indeterminado:
“Cortaram-me o cabelo...- murmurou tristemente.”
“No Rocio, sob as árvores, passeava-se; pelos bancos gente parecia dormitar...”
Observe as estruturas das orações com sujeito indeterminado:
1. verbo na 3a do plural (sem referência a sujeito no contexto)
2. verbo na 3a do singular + se
(não transitivo direto) (índice de indeterminação do sujeito)
Importante notar que o verbo da 2a estrutura não poderá ser VTD. O motivo é simples: a estrutura VTD + SE forma VOZ PASSIVA SINTÉTICA – matéria que será estudada posteriormente; mas, você já pode guardar essa informação: na voz passiva, o objeto direto (complemento verbal) passará sempre a sujeito paciente. Essa é a característica principal da voz passiva; portanto, se o objeto será o sujeito, não se pode falar em sujeito indeterminado – ele será paciente (não faz ação), simples ou composto, fica combinado?
Vamos ver um exemplo dessa ocorrência:
a.O aluno comprou um livro. (Voz Ativa – sujeito é agente)
b.Um livro foi comprado pelo aluno. (Voz Passiva Analítica – sujeito é paciente)
c.Comprou-se um livro. (Voz Passiva Sintética)
Os termos em destaque nas orações acima têm função de
sujeito.Veja: “um livro” era objeto direto na oração 1 e passou a
ser sujeito nas orações 2 e 3. Voltaremos a esse tema.
IV. Recomendações finais.
Todos os exemplos para a classificação do sujeito foram extraídos do romance O Primo Basílio de Eça de Queirós, uma obra literária sempre requisitada nos exames de Literatura; consequentemente, as questões de Gramática também podem ser retiradas de textos literários. É importante, portanto, que você aprenda a reconhecer os termos nesses textos. Outras estruturas, mais simples, aparecem nos exercícios, treine. Não se esqueça de, em suas leituras, começar a observar as estruturas sintáticas – será uma forma de fixar a nomenclatura e facilitar a análise dos termos em estruturas mais complexas. Estudaremos os outros termos da oração e, em vários exercícios, retomaremos essa classificação vista, para que você perceba as diferentes formas de o vestibular explorar o assunto. Se tiver dúvidas, escreva.
EXERCÍCIOS
Procure avaliar seus conhecimentos sobre sujeito. Vamos responder aos exercícios? Todos eles já foram questões de vestibulares. Leia atentamente os enunciados: essa é regra no 1 para que você tenha bom desempenho.
1. (UFMT) A propósito do trecho que segue, aponte o sujeito de supõe:“O idealismo supõe a imaginação entusiasta que se adianta à realidade no encalço da perfeição.”
a) a imaginação entusiasta
b) o idealismo
c) a imaginação
d) entusiasta
2. (PUCSP) Em relação ao trecho:
“Pregada em larga tábua de pita, via-se formosa e grande borboleta, com asas meio abertas, como que disposta a tomar voo.”, podemos afirmar que o sujeito da oração principal é:
a) simples, tendo por núcleo implícito alguém.
b) composto, tendo por núcleos formosa e grande.
c) simples, tendo por núcleo asas.
d) indeterminado, tendo por índice de indeterminação do
sujeito a partícula se.
e) simples, tendo por núcleo borboleta.
3. (UNIMEP-SP) Existem muitas definições de sujeito. Uma delas é: “Sujeito é aquele que pratica a ação verbal”. Das frases a seguir, qual contraria tal definição?
a) O rato foi comido pelo gato.
b) O rapaz leu o gibi.
c) A menina brinca com a boneca.
d) O menino entregou o jornal.
e) Viajo todos os domingos.
4. (FOC) Duas das orações abaixo têm sujeito indeterminado.
Assinale-as.
I. Projetam-se avenidas largas.
II. Há alguém esperando você.
III. No meio das exclamações, ouvi-se um risinho de mofa.
IV. Falava-se muito sobre a possibilidade de escalar a montanha.
V. Até isso chegaram a dizer.
a)I e II.
b)III e IV.
c)IV e V.
d)V e VI.
5. (FF-RECIFE) Nas orações a seguir:
I. No trabalho, use equipamento de proteção.
II. Júlio, no clube, falaram mal de você.
III. Vendeu-se a pá.
O sujeito é, respectivamente:
a) simples, simples, simples.
b) oculto, simples, simples.
c) indeterminado, indeterminado, simples.
d) oculto, indeterminado, simples.
e) oculto, indeterminado, indeterminado.
RESPOSTAS AOS EXERCÍCIOS PROPOSTOS:
1. b
2. e
3. d
4. c
5. d
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