■TRANSITIVIDADE VERBAL, OBJETO DIRETO E OBJETO INDIRETO
CONSTRUINDO O CONCEITO
Leia esta piadinha de Ziraldo:
Naquele dia o lelé estava todo concentrado, escrevendo uma carta.
O enfermeiro passou e viu que o envelope já estava pronto e subscritado para ele mesmo. Curioso, perguntou:
— Que é isso? Escrevendo carta para você mesmo, amigo?
— Sim, que mal há nisso?
— Nada. E o que diz a carta?
— Como é que eu vou saber? Ainda não recebi!
(Mais anedotinhas do Bichinho da Maçã. São Paulo: Melhoramentos, 1993. p. 8-9.)
1 .A todo momento, estamos fazendo coisas, praticando ações: dormir, comer, beber, estudar, sair, etc. O humor dessa piada consiste no fato de o lelé ter feito uma ação incoerente. Qual é
essa ação?
2. Apesar da ação incoerente do lelé, há certa lógica no que ele fala. Como remetente e destinatário da carta, ele assume dois papéis: o de quem escreve e o de quem lê.
a) No momento em que o enfermeiro o interpela ("Escrevendo carta para você mesmo, amigo?"),
em qual dos papéis ele está?
b) No momento em que é interpelado, supostamente ele sabe o que escreveu?
c) Em seguida o enfermeiro pergunta: "o que diz a carta?". Que papel essa pergunta leva o lelé a
assumir?
d) Quando é que ele poderá exercer esse papel?
CONCEITUANDO
Observe e compare o emprego dos verbos nestas duas orações:
O lelé estava concentrado. O lelé escrevia uma carta.
Note que, na 1ª oração, o predicado indica o estado do lelé naquele momento: concentrado. Já a 2ª oração informa a ação que ele praticava: escrevia uma carta. Como você já viu, os verbos que ligam o sujeito ao seu estado ou qualidade são chamados verbos de ligação. Os demais verbos são chamados
Verbos significativos ou nacionais .
Agora observe os verbos destas duas orações:
O enfermeiro passou.
O lelé escrevia uma carta.
Na primeira oração, o verbo passou concorda com o sujeito, o enfermeiro, ficando, por isso, na 3ª pessoa do singular. A ação de passar se refere apenas ao sujeito, não se estende a outros seres.
Na 2ª oração, o verbo escrevia também indica a ação praticada pelo sujeito (o lelé), mas a ação de escrever recai sobre outro ser (uma carta). Nessa oração, o termo uma carta completa o sentido do verbo (quem escreve, escreve alguma coisa), tornando precisa a informação da frase. Quando isso ocorre, isto é, quando em uma oração o verbo é acompanhado por um complemento, dizemos que ele é um verbo transitivo.
Quando em uma oração o verbo não é acompanhado de complementos, quando a ação indicada por ele diz respeito apenas ao sujeito, não se estendendo a outros seres, dizemos que se trata de um verbo intransitivo.
Assim:
O enfermeiro passou.
O enfermeiro passou um cheque.
verbo intransitivo verbo transitivo
Agora compare estas duas orações:
O lelé escreveu uma carta. O lelé escreveu para si mi
Em ambas as orações o verbo escreveu é transitivo, pois é acompanhado de complementos. Na 1a. oração, o complemento uma carta se liga di-retamente ao verbo, sem preposição. Nesse caso, dizemos que o verbo é transitivo direto, e o seu complemento se chama objeto direto. Veja:
O lelé escreveu uma carta.
v. transitivo O.D
direto
v. transitivo O.D
direto
Assim:
indireto
Objeto indireto é o termo que se liga a um verbo transitivo por meio de uma preposição.
O lelé escreveu ,uma carta, ,para si mesmo.
v. transitivo objeto direto objeto indireto direto e indireto
Como conclusão, agora que você já tem uma visão geral dos verbos da língua portuguesa, veja, de forma esquemática, como eles se classificam quanto à sua predicação, isto é, quanto ao fato de exigirem ou não complementos.
Lembre-se: para identificarmos a predicação de um verbo, é preciso observar sempre o contexto em que ele foi empregado, e nunca considerá-lo isoladamente. Observe como um mesmo verbo pode apresentar diferentes sentidos e predicações:
O menino virou rapaz muito cedo.
v. de ligação
O menino virou e foi embora.
v. intransitivo O menino virou |o copo de refrigerante| na boca.
v. transitivo O.D
direto
v. transitivo O.D
direto
Um comentário:
Parabéns! Maravilhosa postagem.
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