sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

INTERPRETAÇÃO TEXTUAL - O SINO E O SONO

O SINO E O SONO


Pareceu-me ouvir um sino bater: consultei o relógio. Uma hora da madrugada! Para quem quer sair do hotel, aí pelas sete horas, é preciso aproveitar o tempo e dormir bem.
(Eu tenho uma amiga que sempre verifica de que são feitos os colchões dos hotéis. Penso nisto porque este não me parece muito cômodo.)
A noite me infunde um sentimento de infinita humildade: entre as outras orações, cada um de nós podia dizer ainda: "Deus, recebe-me em Teus braços, toma conta de mim, sou, na Tua vontade, como um pássaro caído no mar!" Mas é curioso: neste quarto de hotel essas palavras e esses sentimentos não produzem aquele efeito de aconchego e ternura que parecem palpáveis no ambiente da minha casa! Até as paredes são diferentes em sensibilidade – penso. E fecho os olhos pensando.
(É verdade que eu não uso travesseiro. Mas seria difícil usar travesseiros como estes. De que serão feitos? Aquela minha amiga examina os travesseiros, também.)
O sino torna a bater. Ah! Estamos perto de um relógio que marca todos os quartos de hora! Meu Deus, como o tempo voa! É preciso dormir antes que seja uma hora e meia...
(Mas esta cama acaba logo ali ... Se eu medisse um metro e oitenta, não me seria possível ocupá-la! Que coisa estranha: no infinito da noite e do sono, este limite de madeira, ameaçador! Mas uma noite passa depressa, não tem importância. No entanto, como é difícil descansar assim!)
(Novamente o sino bate: uma hora e meia!)
Recordo vários métodos de conciliar o sono. Deixar o corpo solto como um vestido abandonado. Ir pensando em coisas cada vez mais distantes: a rua, a cidade, a estrada, o país, o Mundo, o espaço, a eternidade ...
(Mas o sino bate uma hora e quarenta e cinco minutos!)
Continuo a recordar. Como se dorme mais facilmente? Sobre o lado direito ou o esquerdo? Ah, onde foi que eu li que é bom pensar nas pontas dos pés, para desviar a circulação etc. ... etc.? E quem disse que é bom tomar um copo de leite morno com bolachas, ao deitar, para o sono vir mais depressa?
(O sino bate duas horas.)
Duas horas! Agora dormirei com certeza. Já estou cansada de lutar com o comprimento da cama, com os pensamentos sobre a arte de dormir ... Fechai-vos, olhos meus, e esqueçamos tudo ...
(Ah, mas o sino bate duas e um quarto!)
Que idéia, construir-se um hotel em cima de um sino! E este sino onde fica? Abro a janela para ver. O sino está na minha frente. É um gigantesco relógio, que me fita com todos os seus números e ponteiros. Belo de ver. Belo de ouvir, também. Mas...
(E são duas e meia ...)
E não há nada a fazer, o sino vai batendo de quarto em quarto, de hora em hora, todas as horas da noite ... três, quatro, cinco ...
Talvez Olavo Bilac tenha pousado por aqui, alguma vez, e, desistindo de dormir, tenha tomado de um papel e começado a escrever:
"No ar sossegado um sino canta,
Um sino canta no ar sombrio ..."
É quase sempre assim: sobre uma adversidade, abre-se a flor da poesia. O som da poesia. Um sino muito alto, no meio da noite, no meio do sono ...
MEIRELES, Cecília.
Escolha o seu sonho. (crônicas). 25 ed. Rio de Janeiro: Record, 2002, p.109 – 111. SARESP 2005 – noite – 2a série EM 5
(A) fica com saudade de seu lar.
(B) busca hospedar-se em um chalé.
(C) incomoda-se com barulhos externos.
(D) hospeda-se próximo à casa da amiga.
(A) expressa o aborrecimento que lhe causa o sino.
(B) transcreve a fala de outro personagem.
(C) insere comentários paralelos.
(D) desenvolve narrativa central.
rdância.
(A) perplexidade e disco
(B) admiração e júbilo. (C) conivência e resistência.
D) repúdio e aceitação.
(
01.
O texto deixa claro que a narradora pretende dormir e
02.
Os parágrafos se sucedem intercalados por trechos entre parênteses, recurso pelo qual a narradora
03.
No período "Que idéia, construir um hotel em cima de um sino!", o trecho grifado e o ponto de exclamação ressaltam sentimentos de
04.
(A) crônica reflexiva, que avalia criticamente um assunto polêmico , apresentando
opiniões e argumentos. (B) crônica narrativa, que recupera condensadamente fatos e impressões
experimentados por um sujeito. (C) crônica jornalística, que comenta objetivamente um acontecimento relevante da
atualidade. (D) crônica de viagem, que relata detalhadamente as descobertas de uma experiência de deslocamento.
O tratamento dado ao tema e o modo como as informações são organizadas permitem classificar o texto como uma
5.
Pode-se dizer que o que motivou a escrita da crônica foi a
0
(A) amizade.
(B) humildade.
(C) novidade. ) adversidade.
(D
6 SARESP 2005 – noite – 2a série EM
POEMA N. 9
A ciência pode classificar e nomear os órgãos de um
sabiá,
mas não pode medir seus encantos.
A ciência não pode calcular quantos cavalos de força
existem
nos encantos de um sabiá.
Quem acumula muita informação perde o condão de
adivinhar: divinare.
Os sabiás divinam.
BARROS, Manoel de.
(A) ciência.
(B) sabiá.
(C) órgãos.
(D) cavalos.
(A) a natureza superior dos seres irracionais.
(B) que todo sabiá adivinha os encantos dos homens.
(C) que sabiá e homem possuem o mesmo dom divino.
(D) a ausência de conhecimento lingüístico nos animais.
(A) nove estrofes e nove versos.
(B) refrão e rimas externas.
(C) nove versos e três estrofes.
(D) três versos e dois refrãos.
Nos versos "Quem acumula muita informação peadivinhar: divinare.", o poeta pretende dizer que
(A) o racionalidade supera a sensibilidade.
(B) a quantidade importa mais que a qualidade. o.
(C) nos homens a divindade confunde-se com o conheciment(D) o conhecimento em excesso pode anular um dom divino.
Livro sobre o nada. 10 ed. Rio de Janeiro: Record, 2002, p.53.
06.
Em "mas não pode medir seus encantos.", 3º. verso, o termo sublinhado refere-se a
07.
No último verso, o verbo "divinam" é um neologismo criado pelo poeta para sugerir
08.
O texto de Manoel de Barros é um poema, que apresenta
09.
rde o condão de / SARESP 2005 – noite – 2a série EM 7
(A) sabiá e cavalo.
(B) ciência e poesia.
(C) adivinhação e cálculo.
(D) afirmação e dúvida.
10.
No texto, o poeta deixa subentendida uma oposição entre

ABELHAS CONTRA ARMAS DE GUERRA
Enxames de abelhas treinadas são a esperança mais recente para combater uma praga que infesta dezenas de países, as minas terrestres. Tais armas estão entre as perversas invenções do homem. Custam poucos dólares, mas para removê-las são necessários milhares de dólares e, muitas vezes, o custo de vidas humanas. Há milhares de mutilados, muitos deles crianças, em dezenas de países. Num artigo na revista científica "Optics Express", o americano Joseph Shaw e seus colegas contam como treinaram abelhas para encontrar minas com 97,5% de acurácia. Eles desenvolveram um sistema a laser que marca e identifica as abelhas rapidamente. As abelhas, na verdade, aprendem a reconhecer o cheiro de uma substância presente nas minas e que é inserida numa mistura doce com a qual são alimentadas. Segundo Shaw, o olfato dos insetos é melhor que o de cães e o risco de acidentes é reduzido a quase zero.
Revista O Globo.
(A) muitas crianças ficam mutiladas em função de minas terrestres.
(B) muitos países gastam milhões de dólares fabricando minas terrestres.
(C) o emprego de laser para desarmar minas terrestres é barato.
(D) o cheiro das abelhas propicia o desarmamento de minas terrestres.
Rio de Janeiro, n. 55, ago. 2005, adaptado, p. 50.
11.
No texto, afirma-se que
2.
O texto deixa subentendido que
1
(A) a utilização de abelhas é um processo rápido e eficaz. s.
(B) minas terrestres são uma esperança de combate às abelha(C) jornalistas americanos treinaram abelhas para a pesquisa.
D) cães reduzem o risco de acidentes com abelhas.
(
s minas terrestres.
(A) treinamento de abelhas / esperança no combate à
(B) perversidade dos homens / mau-trato às abelhas.
(C) mutilação de crianças / cura com sistema a laser. D) acurácia no olfato das abelhas / substituição de abelhas pelos cães.
(
13.
A única opção que apresenta informações do texto dispostas na ordem "fato / conseqüente opinião sobre ele" é 8 SARESP 2005 – noite – 2a série EM
I. O autor utiliza aspas para destacar um conceito ou expressão de caráter científico, cujo significado possa ser inacessível a um leitor comum.
II. A referência a uma revista científica de prestígio internacional confere credibilidade ao texto, reforçando a veracidade das informações divulgadas.
Sobre as afirmações acima, é pertinente dizer que
(A) ambas são incorretas.
(B) apenas I é correta.
(C) apenas II é correta.
(D) ambas são corretas.
(A) Novas armas de guerra a custo zero.
(B) Insetos treinados combatem erros humanos.
(C) Países reúnem-se para discutir uso de minas.
(D) Acidentes com abelhas cambatidos a laser.
14.
Leia as seguintes afirmações sobre o texto:
15.
Considerando as principais informações presentes no texto, um outro título pertinente para ele é:


UM ALERTA
Como todos os furacões, o Katrina, que está provocando mortes e destruição em larga escala em Nova Orleans e outras cidades americanas, tem sua origem na evaporação da água dos oceanos, sob ação do calor do sol. O vapor que se forma sobe e se condensa novamente ao encontrar camadas atmosféricas mais frias. A condensação é um processo que libera calor; em resultado, o ar em volta é aquecido e passa a subir também. De maneira semelhante ao que acontece com a água que desce por um ralo, este ciclo ascendente forma um movimento giratório que pode ganhar a intensidade de um furacão quando determinados fatores adicionais estão presentes.
Parece natural imaginar que, com o aquecimento global, furacões mais fortes e mais freqüentes se formarão; e, de fato, cientistas americanos, por meio de simulações em computador, concluíram que isso tende a acontecer. Naturalmente, não se pode afirmar que a violência do Katrina já seja efeito do aumento da temperatura do planeta: é impossível estabelecer relação de causa e efeito em casos isolados.
Mas não deixa de ser irônico que o país cujo governo decidiu rejeitar o Protocolo de Kioto – que até hoje é a única tentativa séria, ainda que tímida, de conter a emissão de dióxido de carbono e outros gases do efeito estufa, responsável pelo aquecimento global – esteja agora sendo atingido com tanta violência por um furacão que bem pode ter sua origem nesse mesmo aquecimento.
E a ironia é dupla, pois o departamento que constatou a correlação entre a intensidade dos furacões e o aquecimento dos mares, e que monitora as condições atmosféricas e oceânicas, é ligado ao Departamento de Comércio do próprio governo dos Estados Unidos.
SARESP 2005 – noite – 2a série EM 9
Por certo que o problema não é apenas americano, é de todo o mundo. Mesmo efeitos indiretos, como o aumento de preços do petróleo, atingem praticamente todos os países. Mas como os EUA são, de longe, o maior emissor de gases do efeito estufa, se a devastação causada pelo Katrina servir para conscientizar o governo americano de que é preciso rever sua posição, então os efeitos do furacão não terão sido inteiramente destrutivos.

"Opinião".
Protocolo de Kioto: acordo firmado entre vários representantes das nações do mundo, em reunião na cidade japonesa de Kioto, em 1997, comprometendo-se a reduzir, em 5,2%, as emissões de gases poluentes, com base no nível de emissões registrado em 1990. Pretende-se que os países industrializados, os que mais respondem pelo efeito estufa, tomem medidas efetivas de redução da emissão dos gases poluentes, que ameaçam florestas, aumentam o calor no mundo, causam enchentes e furacões. Curiosamente, os EUA, o país mais industrializado do planeta e que responde por 25% da emissão desses gases, recusou-se a assinar o documento.
O Globo. Rio de Janeiro, 30 ago. 2005, p. 6. Informação auxiliar:

16.
O autor afirma que o Katrina
17.
A ironia à que o autor se refere no terceiro parágrafo do texto deve-se à possível relação verificada entre uma
18.
Dentre os efeitos do Katrina que atingem outros países, além dos Estados Unidos, o autor destaca 10 SARESP 2005 – noite – 2a série EM
(A) países se rebelam contra decisão dos EUA.
(B) aquecimento global gera devastação em várias nações.
(C) tragédia nos EUA pode levar governo a reavaliação.
(D) fatores adicionais levam a aumento de preços do petróleo.
19.
(A) "se /.../ servir para conscientizar o governo americano de que é preciso rever sua posição, então os efeitos do furacão não terão sido internamente destrutivos."
(B) "a ironia é dupla, pois o departamento /.../ que monitora as condições atmosféricas e oceânicas é ligado ao /.../ próprio governo dos Estados Unidos."
(C) "o país cujo governo decidiu rejeitar o protocolo de Kioto /.../ esteja agora sendo atingido com tanta violência por um furacão."
(D) "não se pode afirmar que a violência /.../ seja efeito do aumento da temporada do planeta /.../ em casos isolados."
O trecho do texto no qual o autor avalia ser possível encontrar algo de positivo na devastação causada pelo Katrina nos EUA é:
20.
Considerando as idéias apresentadas, um outro título pertinentepara o texto é
21.
(A) "com o aquecimento global, furacões mais fortes e mais freqüentes se formarão". (B) "até hoje é a única tentativa séria, ainda que tímida, de conter a emissão de dióxido
de carbono e outros gases do efeito estufa." (C) "este ciclo ascendente forma um monumento giratório que pode ganhar a intensidade
de um furacão." (D) "não se pode afirmar que a violência do Katrina já seja efeito do aumento da temperatura no planeta."
No texto, o trecho que serve para ilustrar a tese de que "é impossível estabelecer relação de causa e efeito em casos isolados " é:
(A) tem provocado poucas mortes e alguma destruição.
(B) origina-se da evaporação da água dos oceanos.
(C) resulta da condensação de camadas atmosféricas frias.
(D) forma um movimento linear de grande intensidade.
(A) coincidência histórica e uma tentativa modesta.
(B) emissão responsável e um efeito original.
(C) violência notável e uma séria rejeição.
(D) decisão arbitrária e uma ocorrência natural.
(A) a ação do calor do sol.
(B) a emissão de gases do efeito estufa.
(C) o aumento no preço dos combustíveis. (D) o aumento na temperatura dos mares.

3 comentários:

Carla disse...

Cadê o gabarito ?

Carla disse...

Cadê o gabarito ?

Anônimo disse...

Cadê o Gabarito?